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segunda-feira, 13 de junho de 2016

México 1 vs 1 Venezuela - Copa América 2016

Um jogo muito intenso, com um padrão tático bem definido de posse vs contra-ataque. México cria muito, mas Venezuela vende caro o empate. Juan Carlos Osorio perde o 100% a frente da seleção mexicana, mas mantém a invencibilidade e o primeiro lugar do grupo. Venezuela se classifica com muito mérito, com a esperança de que sua sorte nas Eliminatórias mude.




Escalações

Juan Carlos Osorio mudou quase o time inteiro para esse jogo, mantendo sua filosofia de rodízio. Mais interessante ainda, usou o terceiro goleiro diferente em três jogos. Dessa vez, Jesus Corona começou debaixo da traves. Reyes, que contra o Uruguai jogou no meio, foi zagueiro ao lado de Moreno. Molina entrou no meio. Lozano começou na ponta-direita e Peralta no comando de ataque, com Chicharito no banco, respeitando o rodízio.

A Venezuela também fez muitas alterações em relação ao time que derrotou o Uruguai. Na frente, a dupla Rondon e Martinez deu lugar a Del Valle e Santos. Seijas tomou o lugar de Figuera no meio-campo. Velazquez entrou ao lado de Angel na zaga, e o lateral-direito Gonzalez assumiu a posição.


Atletico de Madrid vs Bayern de Munique

Guardada as devidas proporções, o jogo repetiu o padrão tático do confronto que ocorreu na Liga dos Campeões nesta temporada. Enquanto o México é um time mutante, que gosta de ter a bola e propor o jogo, a Venezuela é um time excelente nas transições da defesa para o ataque, preferindo ter espaço para atacar do que a bola em si. 

A Venezuela aproveitou melhor o fato do adversário estar muito mudado, e conseguiu boas transições logo no início. Em uma delas, conseguiu a falta que resultou em um gol, logo aos 10 minutos de jogo. Isso permitiu implementar de vez sua estratégia: Atrair o México, forçando-o a deixar espaços que podem ser aproveitado pelos rápidos pontas venezuelanos.

Com isso, a comparação com os clubes europeus ficou ainda mais nítida. O México dominava as ações, explorando muito seus pontas e laterais, e pressionando a saída de bola Venezuela com o trio Guardado, Herrera e Peralta. A Venezuela manteve suas duas linhas de quatro firme, recuadas, em busca do contra-ataque para matar o jogo. 

Venezuela executou muito bem o 4-4-2, com os pontas saindo em velocidade na hora da recuperação. México jogou no 4-3-3 com bastante enfase nas jogadas pelas laterais do campo.

México: foco nas laterais.

Duas características marcaram o estilo de jogo mexicano. O primeiro é a importância dada em sempre ter jogadores ocupando as beiradas de campo, disponíveis para receber a bola. No jogo contra o Uruguai, isso foi atingindo principalmente com os dois pontas, Aquino e Corona, mantendo-se sempre bem aberto, buscando mais a jogada de linha de fundo, com Herrera se tornando um segundo atacante. Eles tinham de permanecer abertos pois não havia laterais de verdade naquele jogo. Aqui, o México se apresentou em um 4-3-3. Isso significou não só a presença de pontas, mas também de laterais. Com isso, os quatro jogadores se revezavam ocupando as posições mais abertas, sempre oferecendo a opção de passe e ajudando a esticar o time adversário. Por isso também, os pontas tinham mais liberdades de driblar para dentro, buscando a tabela com Peralta, sabendo que haveria um companheiro para ocupar a posição. Os laterais geralmente eram cobertos com o recuo de Molina para a linha de zagueiros, um movimento clássico do México.

Ao longo do jogo, o México continuou buscando o gol o tempo inteiro, ciente de que uma segunda colocação o colocaria frente a Argentina já nas quartas. Ainda que fosse a proposta da Venezuela dar campo ao México, a defesa da Venezuela não foi tão efetiva, e muitas boas chances foram criadas pelo México.

Última cartada de Osorio

O ex-técnico do São Paulo tirou Molina e colocou Chicharito. Layun já havia entrado no lugar de Torres Nilo. Com isso, o time se lançou de vez ao ataque, em um 4-2-4/3-3-4. A Venezuela ficou ainda mais acuada e nitidamente cansou no segundo tempo, oferecendo cada vez mais espaço e tendo dificuldade de manter a compactação. Pouco depois da entrada de Chicharito, o México conseguiu empatar com Corona, em lindo lance individual, driblando caracteristicamente da esquerda para o meio. Apesar do brilhantismo individual, nota-se claramente a natureza tática do gol. 

México continuou buscando o gol a todo momento. Osorio colocou Chicharito, efetivamente jogando com 4 atacantes. Os pontas driblavam pra dentro, com os laterais permanecendo abertos pelas laterais. Os pontas venezuelanos cansaram, e o jogo ficou mais aberto, com chances dos dois lados.
Nos último minutos,  o jogo ficou muito aberto. Com ambos os lados exaustos devido ao jogo intenso que ambos apresentaram, mais espaços começaram a aparecer. Além disso, a Venezuela se lançou em busca de um gol, e conseguiu forçar o goleiro Corona a grandes defesas, incluindo uma em chute de bicicleta do atacante venezuelano. O jogo ficou muito direto, com ambos os time em um 4-2-4. Chicharito teve oportunidade de ampliar e se tornar o maior artilheiro da seleção mexicana, mas parou na defesa da Venezuela.

Conclusão

Um jogo muito bom de ver, com dois times incrivelmente intensos e comprometidos com sua proposta de jogo. O México é um time proativo, que estica muito o jogo com jogadas pelas laterais com seus pontas rápidos e habilidosos. A Venezuela é um time que sabee muito bem quais seus pontos fortes e fracos, e busca compensá-los adequadamente. Assistindo a esse jogo, é fácil esquecer que o time sul-americano é o último nas Eliminatórias. Com a chegada do novo técnico Rafael Dudamel, o time ganha organização e confiança. 

Agora os times voltam as atenções para as quartas. A Venezuela terá jogo duríssimo contra a Argentina, e será um total azarão. Mas nessa Copa América, o equílibrio é geral, e é possível imaginar os vinotinto vendendo caro a classificação para as semifinais.

O México enfrentará ou Chile ou Panamá - provavelmente o primeiro. Osorio deu tempo de jogo a quase todo o plantel durante a fase de grupos. Nas quartas, terá de escolher o que tiver de melhor e é preciso entrar com concentração total para evitar um gol como o da Venezuela. É o time mais coletivo e ofensivo dessa Copa América, mas aprendeu nesse jogo como pode ser parado por um time bem postado e que sabe contra-atacar. De qualquer forma, tende a ser favorito contra qualquer um dos times nas quartas, e possivelmente nas semi-finais, que estão se desenhando para um jogo Argentina vs México.

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