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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Comentário do Jogo - PSG 2 x 0 Olympique de Marselha


A oitavas-de-final da Copa da France colocaram frente a frente o Olympique de Marselha, time tradicionalissimo da França, contra o Paris Saint-Germain, novo time bilionário do futebol mundial. Com isso, seria a segunda vez que os dois times se enfrentariam em um espaço de quatro dias. Pela liga doméstica, o PSG já havia batido o OM pelo placar de 2 a 0. Entretanto, apesar da repetição do placar, essa partida acabou sendo bem diferente da anterior. Primeiro, porque o PSG colocou em campo um time cheio de "reservas" - jogadores que não tinham muitos minutos de jogo - bastante diferente do time que entrou em campo no final de semana. Segundo, porque ao contrário do primeiro jogo, onde o Olympique de Marselha dominou a partida, forçando o goleiro Sirigu - titular, quem jogou hoje foi Douchez - a fazer inúmeras defesas, hoje o time do sul da França só chegou a ameaçar quando já estava perdendo por 2 a 0.

O grande destaque do jogo, em termos midiáticos, foi a primeira titularização de David Beckham, que já havia entrado no final do jogo de domingo, participando inclusive do segundo gol. Aqui, Beckham jogou no meio-campo fazendo uma dupla com Matuidi, que teve pernas para correr pelos dois. Pelo lado direito da linha de quatro jogadores de meio, onde o inglês se consagrou, quem jogou foi Chantôme. Do lado esquerdo, Jeremy Menez - que perdeu recentemente a vaga de titular no time para Lucas, ex-São Paulo. A dupla de ataque foi formada por Ibrahimovic e Gameiro. No gol, o reserva Douchez jogou, como é prática corrente em jogos de copas domésticas na Europa. A linha defensiva foi formada por Van der Wiel, Camara, Sakho e Maxwell. 

O Olympique, por outro lado, jogou com exatametne o mesmo time do jogo no final de semana. Mandanda no gol, a linha defensiva formada por  Fanni, N'Koulou, Mendes e Morel. A dupla de volantes composta por Romao e Barton - que ganhou notoriedade ao criticar publica e duramente a nível de jogo de Neymar. A linha de três armadores formado por André Ayew, pela esquerda, Valbuena e Kadir, pela direita. A frente, o centro avante Gignac.

O lado negativo de repetir o time por parte do OM fez com que o PSG já conhecesse a maioria dos pontos fortes do adversário. As subidas constantes do lateral esquerdo Morel foram contidas com a escalação do "volante" Chantôme pela direita, ao invés de Beckham, o que poderia ser encarado como a configuração natural. Além disso, Ibrahimovic se posicionou entre o lateral esquerdo e o zagueiro, de forma a tentar inibir as suas subidas, ou tentar tirar proveito disso. De fato, os dois gols do PSG saíram de lançamentos longos que Ibrahimovi recebeu nesse espaço e ficou no mano a mano com o zagueiro. A exibição de Ibrahimovic também foi um contraste com o primeiro jogo, em que ele pouco apareceu.

A presssão do PSG na saída de bola também foi notável, e evidencia uma caracteristica muito interessante dos times de Carlo Ancelotti. Utilizando um 4-4-2 considerado por muitos como obsoleto na Europa, ele consegue repetir algo que fez no Milan e no Chelsea. Encaixar nos seus times jogadores de grande capacidade técnica, com uma boa mistura de energia e criação. Na Itália, escalou juntos Kaká, Rui Costa, Shevchenko, Seedorf e Pirlo, com apenas Gattuso de caracteristicas defensivas do meio pra frente. Em Londres, foi campeão inglês escalando Ballack, Malouda, Lampard, Kalou, Anelka e Drogba no jogo final. A chave aqui é manter uma rigidez tática que impressiona. No final de semana, foram escalados juntos: Lavezzi, Ibra, Lucas, Pastore e Verrati, com Matuidi o energético combatente no meio-campo.

No jogo de hoje, Beckham, no auge dos seus 37 anos, pôde ser escalado graças a disposição dos seus companheiros Chantôme e Matuidi. O primeiro marcava Morel - lateral-esquerdo - na fase defensiva, e na fase ofensiva vinha para o meio, ajudando a manter a briga de números no meio-campo e abrind o corredor para Van der Wiel, que teve um grande jogo no combate direto a André Ayew. O segundo pressionava a saída de bola pelo meio, e correu o jogo inteiro por Beckham. Também se destaca a aplicação tática de Menez, que jogou pelo lado esquerdo do campo, e compôs bem a segunda linha de quatro. Ao inglês, restava a função de distribuir o jogo a partir de trás, algo que ele não desempenhou tão bem, fora o lance do segundo gol. A possível fragilidade defensiva que ele representava jogando a frente da defesa foi amenizada pelo fato de que o camisa 10 do time do Olympique de Marselha, Mathieu Valbuena - titular da seleção francesa - é um jogador que joga muito mais pelos lados do campo, setor muito bem cuidado pela disposição de jogadores do PSG.

No conjunto da obra, analisando os dois clássicos em sequência, impressiona que o PSG tenha batido o Olympique com tanta facilidade, mesmo que no primeiro jogo o placar não seja um bom reflexo do número de oportunidades criadas. O time do Olympique é o terceiro colocado no campeonato francês, e até hoje, um dos poucos que poderia se candidatar a tirar a provável futura hegemonia do time do PSG. Entretanto, nada disso aconteceu, e o time de Paris passou por cima desse oponente de respeito. Com isso, o time de Ancelotti olha agora para o jogo da volta contra o Valencia, dia 6 de março, já com o placar favorável de 2 a 1 obtido fora de casa. Grandes chances de uma vaga nas quartas de final também da UEFA Champios League.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Análise do Jogo - Barcelona 1 x 3 Real Madrid / Copa do Rei

Aquecimento

O jogo da volta da Copa do Rei terminou com a classificação do Real e a eliminação do Barcelona, o que suscita muitos questionamentos sobre a máquina catalã. Estaria chegando o fim dessa era? Messi, a exemplo do jogo contra o Milan, passou sem ser notado? O esquema de técnicos Tito Vilanova em tratamento e Jordi Roura na beira do campo, com o titular do cargo influenciando as escolhas via celular pode funcionar? Coincidência ou não, o Barcelona enfrenta seu pior momento técnico dos últimos cinco anos.

O Real veio com Diego Lopez no gol, já que Casillas se encontra machucado. Fábio Coentrão jogou no lugar de Marcelo, que enfrenta problemas com sua forma física. Rafael Varane, grande revelação da zaga madrilenha, jogou ao lado do experiente Sergio Ramos na defesa. Arbeloa foi o lateral direito. Xabi Alonso e Khedira formaram a dupla de volantes, com a linha torta de três a frente. Ronaldo, na esquerda, Ozil, no centro e Di Maria na direita, com este último voltando muito e se alinhando com a linha defensiva muitas vezes. Na frente, Higuain jogou, em detrimento de Benzema. Kaká começou no banco, e lá ficou o jogo inteiro.

O Barcelona veio com o mesmo time que perdeu para o Milan, com a exceção do goleiro José Pinto, que é sempre titular nos jogos da Copa do Rei. Alves, Piqué, Puyol e Alba; Busquets, Xavi, Iniesta, Fábregas; Messi e Pedro.

Barça tenta botar pressão, mas o Real aproveita os caminhos do contra-ataque.

Provavelmente mordido pela derrota face ao Milan, o Barcelona entrou em campo pressionando forte o jogo, tentando se impor face ao Real. Logo nos primeiros minutos, Messi teve a chance de abrir um placar com um chute de direita que passou ao lado do gol de Diego Lopez. Entretanto, como no jogo do Milan, a pressão do Barcelona não tardou a se transformar em um toque de bola infrutifero. Por outro lado, o posicionamento do Real era direcionado para o contra-ataque.Higuain e CR7 várias vezes trocaram de posição, com o português dando trabalho a dupla de zagueiros ou então o atacante argentino atraia a dupla, deixando apenas Daniel Alves na marcação de Ronaldo. Foi num lance assim, com Ozil dominando na ponta-esquerda e lançando Cristiano que Piqué fez pênalti, convertido pelo próprio Cristiano Ronaldo, abrindo o placar aos 13.

A grande questão do jogo, reminiscente ainda do confronto contra o Milan, foi o posicionamento de Fábregas e Iniesta, muitas vezes se sobrepondo nas mesmas áreas, e por vezes causando uma indefinição na zona de criação. Os dois se alternavam entre a ponta e a meia pelo lado esquerdo. Por isso, Di Maria jogou bem atrás por aquele lado, fechando como um quinto membro da linha defensiva. A aplicação e a inteligência tática do argentino foi um dos pontos fortes do time da capital. Bloqueando o espaço e congestionando aquele lado do campo, o Barça foi se tornando cada vez menos inofensivo. Mesmo assim, a jogadas foram forçadas por aquele lado, e Messi não teve o apoio para influenciar o jogo. O primeiro tempo terminou com o Barça no ataque, mas também com Cristiano Ronaldo tendo várias oportunidades de chute a gol.

Real Madrid usa o jogo direto para matar o jogo no melhor momento do Barcelona.

No segundo tempo, após o Real deixar o Barcelona esperando alguns minutos na volta ao campo, o jogo recomeçou praticamente no mesmo ritmo, com o time catalão ainda mais pressionando no campo de ataque. Alguns bons lances, inclusive uma sequencia de passes trocados dentro da área do Madrid - diferente de todo o jogo contra o Milan - deram a impressão de que o Barcelona daria trabalho e poderia virar. Entretanto, justo nesse momento, uma bola de Khedira encontrou Di Maria face a face contra Puyol, na corrida e no drible, o argentino deixou Puyol no chão e chutou pra defesa de Pinto. No rebote, Ronaldo fez o segundo do Madri, praticamente matando o jogo. Nesse momento, o Barcelona precisava de 3 gols para passar de fase. O engraçado é que Di Maria havia passado o jogo inteiro correndo incansavelmente na ala esquerda, marcando por vezes Jordi Alba e por vezes Fábregas e Iniesta. Nesse momento, ele estava em posição de camisa 9, e pôde puxar um ótimo contra-ataque.

Só nesse momento, o técnico Jordi Roura trocou Fábregas por David Villa, formação que deu certo contra o Sevilla no fim de semana, inclusive com Messi declarando que ele tinha encontrado mais espaços com David Villa titular. O Barcelona foi pra cima mais uma vez, mas o Real sempre perigoso nos contra-ataques, conseguiu ainda um terceiro gol com Rafael Varane, o jovem zagueiro revelação do time. Com o placar de 3 a 0, o jogo estava acabado.

Entraram Tello, Rafael Alcantâra e Callejon. Isso ilustra como os técnicos já davam o jogo por acabado, cuidando apenas de dar rodagem aos jogadores mais jovens. Mourinho ainda colocou Essien e Pepe em campo, para guardar o placar.

No final, um gol de Jordi Alba, com assistência de Iniesta pela meia esquerda, ilustrou bem a maior deficiência do Barcelona no jogo. Ausência de definição e jogadas em profundidade pela esquerda, onde a dupla Iniesta e Fábregas mais congestionou do que fez fluir o jogo, inclusive bloqueando as subidas de Alba ao ataque. O jogo acabou no 3 a 1 para o Real Madrid, fora de casa.


Conclusão

O melhor time do mundo dos últimos cinco anos sofre duas grandes derrotas em menos de uma semana. O toque de bola infértil e a apatia em alguns momentos foram as caracteristicas marcantes que impressionaram negativamente. O Milan impressionou pela solidez defensiva, com ataques diretos pelas pontas. O Real Madrid fez ainda mais, sem precisar recuar tanto, mas levando perigo mais ou menos da mesma forma. A estratégia que não deu certo contra o Milan, utilisando Fábregas e Iniesta pelo lado esquerdo, novamente falhou aqui. É certo que deu certo contra outros times da liga espanhola, mas não parece funcionar contra times grandes. A questão do técnico interino também desempenha um papel importante. Até que ponto ele teria a liberdade e presença de espirito para mudar a estratégia de jogo do seu time, na ausência do titular do cargo, sabendo das deficiências do time. Certo é que, na época de Guardiola, ele não teria medo de mudar algo que achava que precisava, mesmo com o time ganhando.



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Análise do Jogo - Internazionale 1 x 1 Milan

O dérbi milanês aconteceu sob a influência da vitória memorável do Milan sobre o Barcelona no meio da semana. A grande questão seria como o rubro-negro jogaria. Em situações assim, ás vezes é díficil manter o mesmo nível de concentração, sendo natural uma queda de rendimento. Mas de qualquer forma, o jogo é o maior clássico do país e dos maiores do mundo.

Com Balotelli de volta ao time - ele não pode jogar a Champions League, por que já entrou em campo nessa edição pelo Manchester City - o Milan se armou com o trio Boateng, Balotelli e El Sharaawy na frente. No meio-campo, o trio Nocerino, Muntari e Montolivo. Com o último jogando mais atrás dos outros dois, na posição de primeiro-volante criador. Na lateral esquerda, o destro De Sciglio, acompanhado de Mexès, Zapata, Abate e Abbiati, que também estavam no jogo de meio-de semana. Ambrosini, um dos melhores em campo contra o Barça, só entrou bem no final, para ser aplaudido.

A Internazionale se armou com uma linha de 4 - Não é incomum vê-los utilizarem três zagueiros. Zanetti, destro, foi utilizado na lateral esquerda, com Juan, Ranochia e Yagatomo completando a linha de defesa. Handanovic o goleiro. A frente, outra linha de quatro com - da esquerda pra direita - Alvarez, Cambiasso, Gargano e Guarin. Na frente, Palacio e Cassano.

A Internazionale começou o jogo melhor, mas o Milan ainda no primeiro tempo conseguiu controlar o jogo, dominando as ações e criando várias oportunidades. Converteu uma, mas desperdiçou várias. Na volta para o segundo tempo, a Internazionale corrigiu erros de posicionamento e o Milan tirou o pé do acelerador, sofrendo o gol de empate.

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O grande jogador da temporada do Inter chama-se Guarin. E foi com ele que, nos primeiros minutos do jogo, o time nerazzuri criou algumas chances. Jogando aberto pela direita, ele driblava De Sciglio e cruzava para servir Palacio e Cassano. Após esse bom momento, o Milan conseguiu impor seu jogo, fazendo valer da sua superioridade numérica no meio campo. Nocerino e Muntari se batiam com Gargano e Cambiasso. Balotelli prendia os zagueiros. Se aproveitando o espaço criado entre as linhas interistas, Boateng saía da ponta direita e vinha para o meio, virando o trequartista rubro-negro. Foi numa jogada assim, que Boateng serviu El Sharaawy, que fez o gol de três dedos.
Além disso, Palacio não acompanhava direito Montolivo, criando situações de 4x2 no meio, quando Alvarez e Guarin tentavam ajudar, os laterais do Milan aproveitavam bem os espaços deixados. A pressão rubro-negra era intensa, com a Inter não conseguindo acompanhar a velocidade de De Sciglio e El Sharaawy pela direita de sua defesa. Guarin e Yagatomo estavam perdendo feio a batalha por ali. Assim, repetidas vezes De Sciglio deixou Guarin pra trás para deixar Balotelli na cara do goleiro, com Handanovic salvando algumas e o italiano desperdiçando outras.

É de notar-se também o movimento síncrono do time do Milan quando Boateng sai da ponta pro meio. Nocerino abre pela direita, e Muntari recua para formar a dupla com Montolivo, assim, o time não se desequilibra. Entretanto, se aproveitando desse movimento, Cambiasso começou a sair pro jogo, indo pra ponta-esquerda, sem ser acompanhado nem por Nocerino, que estava na ponta, nem por Muntari, que seguia Gargano. Com Abate acompanhando Alvarez, sobrava pra Montolivo, que chegava atrasado e cometia faltas. O primeiro tempo acabou com a Inter equilibrando e criando algumas chances pelo lado esquerdo com Cambiasso, Alvarez e Palacio, um trio de argentinos.

Para o segundo tempo, o técnico da Internazionale trocou os destros Yagatomo e Zanetti de lado, de forma a reforçar o lado direito, já que o veterano argentino é mais forte na defesa, além disso, diminui os espaços entre as linhas e pediu para Palacio ficar mais atento a Montolivo. Com isso, a pressão rubro-negra diminuiu e, de fato, a Inter voltou pressionando. Guarin, repetindo Boateng, veio jogar mais no meio, atraindo De Sciglio, que deixou espaços generosos às suas costas, aproveitado por vezes por Palacio. O jogo continuou mais morno e equilibrado que o primeiro tempo.

Até que aos 23 minutos, o técnico do Inter fez mais uma mudança no seu time. Retirou Cambiasso e colocou Schelloto para jogar na ponta-direita, com Guarin indo jogar ao lado de Gargano no meio. 2 minutos depois, Yagatomo cruzou da esquerda e Schelloto cabeceou para marcar o gol de empate. As duas alterações táticas do técnico Andrea Stramaccioni surtiram efeito e o jogo ficou parelho. Depois disso, o jogo ficou equilibrado. O Milan tocou mais a bola, mas a Internazionale negou espaços.

Saíram Boateng, El Sharaawy e Muntari - este último bem no fim do jogo - e entraram Niang, Bojan e Ambrosini nos seus lugares, respectivamente. Nenhuma grande alteração tática. Do lado do Inter, ainda saiu Ricky Alvarez para a entrada de Kuzmanovic, que jogou de primeiro volante, primeiro formando um trio com Guarin e Gargano no meio, e depois com Guarin indo pra ponta-esquerda. Chivu entrou no lugar do japonês Yagatomo.

Com poucas chances criadas, o jogo terminou empatado. O resultado não é bom para nenhuma das duas equipes, que ainda tentam perseguir a Juventus na briga pelo Calcio. O Milan, entretanto, pensa mais no jogo da volta contra Barcelona, enquanto o Inter pegará o Tottenham pela Liga Europa. Sem derrotas, sem crise.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Análise do Jogo - Milan 2 x 0 Barcelona

O ótimo jogo do Milan hoje mostra como o futebol tem várias facetas, e sua beleza vem exatamente dessa variedade de formas, estratégias e atitudes. O Barcelona dominou a posse de bola, enquanto o Milan montou uma parede efetiva que impediu completamente o time espanho de adentrar sua área. Ao contrário da derrota para o Chelsea, no inicio do ano passado, dessa vez o Barcelona nem ao menos conseguiu criar boas chances até estar perdendo.

O Milan veio com três homens no meio-campo. Ambrosini jogou na base do triângulo, que tinha ainda Muntari, pela esquerda e Montolivo, pela direita. Nas pontas, pela esquerda El Shaarawy - o pequeno faraó - e pela direita, Kevin Prince Boateng. Pazzini foi o centro-avante.

Já o Barcelona veio com seu arsenal de bons jogadores. Pique e Puyol na defesa, Alves e Alba nas laterais. Busquets,Xavi, Iniesta e Fabregas mais Messi e Pedro. Um time que, na cabeça de qualquer um, é o melhor do mundo atualmente. Iniesta começou jogando na ponta esquerda, com Pedro na direita e Messi e Fábregas revezando entre o ataque e a criação.

O jogo começou e o Milan não se acovardou nem ficou nervoso. Logo no inicio do jogo, El Shaarawy teve boa oportunidade pela esquerda, mas desperdiçou o lance. O time italiano se postou no 4-5-1, com o recuo dos pontas, sem desgrudar dos seus laterais. El Shaarawy correu atrás de Daniel Alves o jogo inteiro, efetivamente anulando-o. O mesmo pode ser dito, em menor escala de Boateng e Jordi Alba do outro lado. Por vezes, os pontas milanistas se encontravam atrás da linha dos três meio-campistas, formando algo como um 6-3-1. Mas, ao contrário do que pode parecer, a estratégia foi puramente posicional. O Milan não agredia o homem da bola, apenas se postava bem e ocupava os espaços, e deixava o Barcelona tocar, sem que eles jamais conseguissem um passe mais profundo com sucesso. No primeiro tempo, a linha de defesa do Milan era bem baixa e próxima ao gol de Abbiati, dando todo o campo para o Barcelona jogar, exceto a grande área.

El Shaarawy ainda teve, no primeiro tempo, boas oportunidades de contra-ataque, ficando no mano a mano com Daniel Alves. Em algumas delas, não percebeu a presença do lateral Constant, que passava livre. Em outras, por pouco não alcançou a bola. Ao fim do primeiro tempo, o Barcelona tinha a bola e o Milan as melhores oportunidades de gol.


No segundo tempo, o jogo começou praticamente no mesmo ritmo, com a diferença que o Barcelona jogava numa zona menos avançada no campo, próxima do circulo central. A defesa milanista aproximava. É dificil afirmar se foi o Milan que empurrou o Barça, ou foi o Barça que tentou algo diferente para aproveitar espaços nas costas do adversário. De qualquer forma, a situação favorizou enormente o time rubro-negro. Até aqui, Messi aparecia muito pouco, jogando numa zona em que era cercado por Muntari, Ambrosini e Mexès. Esse último o seguia mesmo quando ele saia um pouco da sua área de atuação. Incomodado com a marcação, Messi tentou jogar na ponta-direita em determinados momentos, mas mesmo assim não foi efetivo.

Aos 11 minutos do segundo tempo, quando o Barça pressionava, o Milan conseguiu uma falta com Boateng na entrada da área. A jogada ensaiada resultou em chute forte de Montolivo, que desviou na zaga catalã, na mão de um jogador do Milan, e sobra pra Boateng, que chuta e faz, abrindo o placar para o Milan. Essa jogada ilustra algo que o Milan “treinou” no jogo do final de semana. A jogada rápida com os atacantes, pulando a pressão na saída de bola e chamando a falta. Contra o Parma, Balotelli marcou de falta em posição semelhante.

Jordi Roura, técnico interino substituto de Tito Vilanova, sacou Fábregas para colocar Adriano, supostamente para jogar na ponta esquerda, com Iniesta vindo para o meio para trabalhar com Xavi. Aqui, o Milan adquiriu confiança para buscar mais o jogo com seus bons - em técnica e fisica - atacantes. Pazzini teve bons momentos, em que chamou a disputa corporal com os zagueiros do Barcelona. Conseguiu se chocar de cabeça com Puyol, com o espanhol levando a pior, e em outra ocasião, fez a parede contra Piqué e tentou um voleio de costas, levando perigo ao gol de Victor Valdès. O Milan mostrava como criar jogadas perigosas combinando a velocidade e a força de seus jogadores de ataque.

Entretanto, apesar do bom momento de Pazzini no jogo, ele foi sacado para a entrada de Niang, que se destacou também no final de semana. A forma do time continuou o mesmo 4-5-1/4-3-3 do jogo inteiro, com Niang no centro. O jovem atacante entrou pilhado e pressionando os zagueiros adversários. Ainda assim, a bola sempre esteve com o Barcelona. Xavi, Iniesta e Messi trocavam passes, mas não encontravam o caminho e os espaços na defesa milanesa. Enquanto isso, Montolivo encontrou Niang, que acelerou para cima dos zagueiros, pressionando, ele encontrou El Shaarawy, na entrada da área. Nesse momento, toda a defesa do Barcelona pressionava esses dois jogadores do Milan, com Daniel Alves chegando para o abafa. Friamente, o pequeno faraó dominou e tocou a bola por cima do lateral brasileiro para encontra Muntari na esquerda, que, sozinho, fez o segundo gol do Milan - segundo gol de um ganês.

A partir daí, com o placar inimaginável por muitos, que o Barcelona tentou acelerar mais o jogo, tendo tido uma boa chance com Pedro, que pediu pênalti mas o juiz não deu. O juiz ainda deu cinco minutos de acréscimo. Só nesse tempo é que o time do Milan apelou para chutões. Mesmo assim, em alguns momentos ainda ensaiou um toque de bola para cima do Barcelona. A noite foi rubro-negra, e o melhor time do mundo teve uma aula tática de um time que tem, apesar da forma recente, uma camisa incrivelmente pesada.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Análise do Jogo - Arsenal 1 x 3 Bayern de Munique

Arsenal veio escalado na formação com três homens no meio-campo: Wilshere, Ramsey e Arteta, com o primeiro na frente dos dois. Nenhum centroavante de oficio. Walcott começou pelo meio, com Podolski pela esquerda e Cazorla na direita. Walcott vive sua melhor temporada pelo Arsenal e já jogou na Premier League nessa posição, então é uma decisão compreensível. Vermaelen, zagueiro de origem, jogou na lateral esquerda, já que os outros laterais encontram-se indisponíveis - André Santos, odiado pela torcida, vendido ao Grêmio.

Bayern com o time 100%. Mandzukic no comando de ataque. Ribery nominalmente na ponta esquerda, Muller na direita. No meio, Javi Martinez e Schweinsteiger formavam a base do meio-campo, e Toni Kroos flutuou entre a mesma linha desses dois e a linha de Mandzukic, sendo extremamente inteligente taticamente.

O time alemão começou com força total, jogando no Emirates Stadium como se fosse sua casa. A pressão na saída de bola do Arsenal foi intensa nos primeiros quinze 20 minutos, quando saíram dois gols alemães. Toni Kroos alinhava com Mandzukic, Schweinsteiger e Javi Garcia pressionavam os homens de meio-campo. O espanhol, tido como mais defensivo que o alemão, subia mais no campo do Arsenal, ajudando a roubar bolas no ataque, sendo incrivelmente energético, e justificando a sua contratação milionária.

Uma caracteristica marcante da construção de jogadas alemãs era a movimentação de Ribery, muito semelhante a que ele desepenhou no amistoso da França contra a Alemanha. Ele sai da posição tradicional na ponta esquerda e vem para o meio, trabalhar as costas do volante. Toni Kroos é o responsável por cobri-lo nesse momento, mantendo o equilibrio da equipe. Em uma dessas jogadas, logo aos sete minutos, o francês recebeu de Schweinsteiger na meia-esquerda, abriu com Muller, que cruzou para o gol de voleio de Toni Kroos.

Mesmo após o primeiro gol, o time alemão não relaxou na marcação pressão e continuou buscando agredir o Arsenal, ganhando uma série de escanteios e faltas. O time londrino parecia nervoso e acuado, apelando para faltas feias para parar o time alemão. Nas poucas ocasiões em que o Arsenal ameaçou criar algo, foi com contra-ataques puxados por Theo Walcott, mas a falta de apoio, e de um finalizador nato, acabou por matar as jogadas naturalmente. Em um desses escanteios, cobrado por Toni Kroos, Thomas Muller fez o gol após cabeçada forte de Van Buyten. 2 a 0 no placar com 20 minutos de jogo fora de casa, nada mal para o time que acabou de contratar Josep Guardiola.

A partir daí, a estratégia de jogo do Bayern mudou. O time alemão recuou suas linhas, buscando aproveitar eventuais espaços deixados pela defesa inglesa para utilizar a velocidade de Ribery e Muller nos contra-ataques. Várias vezes Ribery se tornou o segundo atacante, com Kroos fechando pelo lado-esquerdo. Arsenal pôde tocar a bola e dominar a posse a partir daí, mas a impressão é que isso ocorreu apenas porque o Bayern deixou. Algumas boas jogadas criadas por Santi Cazorla e Sagna pelo lado direito, mas não o suficiente para ameaçar Neuer no primeiro tempo.


Com 10 minutos de segundo tempo, o Arsenal acha um gol de escanteio com Lukas Podolski. Esse gol deu algum ânimo ao time londrino, com 35 minutos de jogo restante. O time londrino continuou com a posse de bola, como no fim do primeiro tempo, e criou alguns projetos de oportunidades, especialmente com Wilshere, que fez uma boa partida, apesar de tudo.

Aos 17, Ribery deu lugar a Robben. O holandês começou jogando no lado direito, mas logo voltou a sua posição natural do lado direito. Entretanto, foi notável a sua aplicação tática, ajudando muito Philip Lahm na marcação, e dobrando sobre os pontas adversários. Muller foi jogar no lado esquerdo. Nesse momento, o time do Bayern não pressionava tanto, mas marcava bem e forte o time inglês, que cresceu no jogo após o gol.

Com a entrada, aos 25 minutos de jogo, de Giroud e Rosicky nos lugares de Podolski e Ramsey, o Arsenal muda sua estratégia. Walcott volta a sua posicional tradicional de ponta-direita, Cazorla cai pela esquerda e Rosicky pelo meio. Giroud se torna um ponto focal para os ataques londrinos. O efeito é imediato. Segundos após a alteração Walcott cruza pra Giroud que chuta a queima-roupa pra defesa atabalhoada de Neuer. Uma boa alteração ou algo que já deveria ser desde o inicio do jogo?

Jupp Heynckes reagiu a substituição de Arsene Wenger colocando Luiz Gustavo no lugar de Toni Kroos. O brasileiro entrou com a missão de acompanhar Rosicky no campo, efetivamente impedindo que o tcheco tivesse qualquer impacto no jogo. Schweinsteiger se adiantou para a posição de terceiro homem do meio-campo/segundo do ataque desempenhado por Kroos até então. Com o Arsenal desesperado pelo segundo gol, que seria o do empate, o Bayern encaixou o seu terceiro. Mandzukic matou uma bola no meio da defesa londrina e tocou para Robben. O holandês abriu driblando para a direita, esperou a ultrapassagem de Lahm e tocou para o alemão. Cruzamento que encontrou Mandzukic e finalmente o gol. Santi Cazorla, que jogava na ponta esquerda nesse momento, encontra-se quilômetros atrasado no lance, deixando o melhor lateral direito do mundo livre para fazer essa assistência.

Daí até o fim do jogo o Bayern continuou defendendo bem, com os pontas fechando bem os lados do campo. Nos momentos finais do jogo, foi o time alemão que manteve a bola no ataque. Fim de jogo Arsenal 1, Bayern Munich 3. Próximo jogo na Alemanha. Bayern de Munique praticamente garantido na próxima fase de Liga dos Campeões.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Análise do Jogo - Milan x Parma

Análise do jogo Milan 2 x 1 Parma


Parma pressionou e dificultou o jogo para o Milan no primeiro tempo. Os pontas parmesães acompanhavam os laterais milaneses. enquanto um dos meio-campistas sempre pressionavam a saída de bola, que era ora com Montolivo, ora com Nocerino. Até Amauri ajudava na pressão, recuando para o meio-campo.

Kevin-Prince Boateng começou o jogo na ponta-esquerda, mas como o Parma jogava melhor e pressionava, ele passou a flutuar pelo campo, mudando o esquema do Milan para um 4-3-1-2, mais tradicional. Com isso, ele podia marcar Valdes, que armava o jogo parmesão desde a defesa e também se fazer mais presente na armação. Entretanto, isso deixou o lado direito da defesa milanesa vulnerável a subidas do lateral direito Rosi, que dobrava com Biabiany, ex-Internazionale. Algumas boas jogadas foram construídas por ali. Enquanto essas jogadas não resultaram em gol, a movimentacão de Boateng sim. Caindo pela ponta direita, ele fez o cruzamento que gerou o gol contra de Paletta. O jogo era parelho até então, e o gol achado facilitou bastante as coisas para o Milan, que com os três pontos poderia dormir empatado com a Lazio na terceira colocação do Italiano, ainda que todos os pensamentos estivessem no jogo de quarta-feira contra o Barcelona, pela UCL.

No segundo tempo, o Parma continuou pressionando a saída de bola milanesa, mas o time rubro-negro mostrou como contornar essa situação de jogo. Niang, Balotelli se mantiveram nas pontas e bem alto no campo de jogo, com Boateng pelo meio, como um falso nove. As bolas chegavam rapidamente nos três, por vezes curto-circuitando o meio-campo. Por sua vez, eles combinavam bem para levar perigo a meta adversária, sempre acelerando o jogo. As subidas dos jovens laterais De Sciglio e Constant também ajudavam no volume de jogo.

Depois disso, o time do Milan passou a se organizar em um 4-4-1-1, com Muntari jogando no lado esquerdo da linha de meio-campo, fechando defensivamente e ajudando a marcar o lateral. No meio, Montolivo e Nocerino se alinhavam. Niang jogava pela ponta direita e Boateng pelo meio, atrás de Balotelli. A dupla de ataque se combina bem, com Balotelli caindo pelos flancos, saindo da área e Boateng aproveitando os espaços para se infiltrar. O segundo gol saiu em uma falta sofrida por Balotelli na entrada da área, após receber passe de Muntari da ponta esquerda. Após uma pequena discussão com o jovem Niang, que queria bater a falta, Balotelli acertou o gol em cheio, fazendo 2 a 0 para o Milan, seu quarto gol na volta a Itália, e praticamente fechando o jogo.

No último lance de jogo, o Parma descontou com uma jogada pela direita, que tinha sido seu forte no primeiro tempo. Samsone recebeu cruzamento, se enrolou todo com a bola, mas conseguiu acertar o gol no fim, fechando o placar em Milan 2 x 1 Parma.


Lucas Casanova